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Mostrando postagens de maio, 2025

Crônicas da Selva S.A. - Capacidade Não Se Mede no Olhar: O Lugar da Pessoa com Deficiência na Floresta

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  Na clareira inclusiva da Selva S.A., uma roda de conversa foi convocada para discutir a empregabilidade de animais com deficiência. O Elefante de Uma Tarefa Só , exímio organizador de troncos, iniciou o diálogo: — “Disseram que não sou ágil o bastante para o novo sistema… Mas fui eu que levantei essa floresta enquanto ninguém sabia usar o computador.” A Coruja com baixa visão , analista de riscos, pontuou: — “A maioria das vagas diz ‘inclusiva’. Mas quando você entra… falta leitor de tela, acessibilidade e até iluminação adequada.” A Tamanduá Auditiva , usuária de Libras e coordenadora de logística, comentou: — “Fui dispensada por ‘dificuldade de comunicação’. Mas na prática, o problema era que ninguém queria aprender a escutar de forma diferente.” O Jardineiro da Floresta da  Técnica , com deficiência intelectual leve, compartilhou: — “Dizem que a gente só quer o BPC. Mas esquecem que, para ter o BPC, a renda da floresta tem que ser quase inexistente. E mesmo assim…...

Crônicas da Selva S.A - “Geração Z: Entre o Wi-Fi e a Fuga

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  Na floresta corporativa, os animais estavam inquietos. Do ninho dos Recursos Humanos ao tronco do CEO, o mesmo ruído ecoava: — “Essa nova geração… não quer nada com nada!” E então o Leão Ancião, com 68 anos e juba grisalha, rugiu com autoridade: — “No meu tempo, a gente pedia permissão até pra espirrar. Era a geração do silêncio e da obediência.” A Capivara Baby Boomer , ainda ativa e orgulhosa: — “Trabalhamos por estabilidade. A floresta era dura, mas a recompensa era o respeito e o contracheque.” A Arraia X , gerente multitarefa da folha da manhã: — “A gente aprendeu a sobreviver entre o comando dos antigos e os gritos dos novos. Somos a geração que carrega tudo nas costas.” O Camaleão Millennial , flexível, digital, cansado: — “Fiz faculdade, MBA, curso de empatia, liderança e gestão de tempo... Mas ainda escuto que não estou ‘pronto’. Nunca estamos.” E foi aí que entrou em cena o Sagui Z , celular na pata, fone no ouvido e um TikTok no histórico: — “Não me chamem de preguiços...

Crônicas da Selva S.A - As Invisíveis da Floresta: Mães Atípicas em Luta

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Enquanto os galhos da floresta corporativa balançam ao som do progresso, no chão, um grupo de fêmeas caminha em silêncio. São mães. Mães de filhotes neurodivergentes. Mães que foram esquecidas pela Selva S.A. A Tamanduá Acadêmica , agora substituída pela Onça-Pintada Acadêmica , falou firme: — “Fui referência na contabilidade da Selva S.A. Hoje, mal consigo um estágio. Só porque meus filhotes têm necessidades diferentes.” A Capivara Planejadora , com o pelo desgastado da sobrecarga: — “Quando souberam do diagnóstico de autismo do meu filho, pararam de me chamar pra processos. Dizem que é cultura organizacional.” A Coruja Educadora , sempre atenta: — “Meu plano de saúde pagou o implante. A empresa pagou minha demissão logo depois.” A Jaguatirica Solo , mãe de três e sobrevivente do sistema: — “Quando me perguntam ‘quem cuida dos seus filhos?’, eu devolvo: quem cuida de mim enquanto o mundo vira as costas?” Frases Potentes da Selva S.A.: “Ser mãe já é desafio. Ser mãe atípica é virar ...

Crônicas da Selva S.A: Velhos Demais pra Subir, Úteis Demais pra Cair

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  Na grande copa da floresta, onde os galhos altos eram disputados por jovens ansiosos e o chão já nem comportava tantos corpos excluídos, um sussurro virou grito: “ Na Selva S.A., ser experiente é pecado. E ser 60+ virou sentença.” Foi o que disse a Tartaruga do Financeiro , com 62 anos, 40 deles vividos entre planilhas, tempestades e viradas de safra: — “Me tratam como relíquia. Mas ainda sou quem fecha o balanço quando ninguém consegue.” O Bicho-Pau, engenheiro de processos com 64 anos , disfarçado na multidão, ironizou: — “Sou invisível. E eficiente. Duas qualidades que eles só valorizam... quando tudo dá errado.” A Jaguatirica da Logística , 61 anos, gerente por experiência, e demitida sem cerimônia: — “Me chamaram de ultrapassada. Mas até hoje é minha planilha que eles usam.” O Jabuti Nordestino , de fala mansa e currículo extenso, abaixou o olhar: — “Disseram que meu tempo passou. Eu respondi que meu tempo construiu esse galho que eles tão pisando agora.” O Condor da Alta Di...

Crônicas da Selva S.A - A Febre da Felicidade: Quem Viciou a Floresta?

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  Na floresta dos cliques e dos likes, a Selva S.A. acordou agitada. Não era pela seca. Nem por predadores. Era uma inquietação que ninguém sabia nomear mas todos sentiam. O Tamanduá-Bandeira do Departamento de Clima Organizacional abriu a reunião com uma pergunta: — “Alguém aqui consegue ficar satisfeito por mais de 3 dias com alguma coisa?” Silêncio. E então a confusão começou. A Cutia-Cibernética , gerente de inovações, rodopiava em círculos: — “Ontem bati minha meta. Hoje já me perguntaram qual é a próxima.” O Jacaré-de-Papo-Amarelo , supervisor de operações, resmungou: — “Subi de cargo semana passada. Não deu nem tempo de comemorar. Já recebi um feedback pedindo mais ‘energia’.” A Lontra-Andina , da área de treinamento, largou um dado alarmante: “Segundo o IBGE e a OMS, mais de 40% dos trabalhadores brasileiros relataram sintomas de ansiedade crônica em 2023. Estamos na era do excesso  e ainda assim, sentimos falta de tudo.” O Quati-Introspectivo , analista de BI, reba...

Crônicas da Selva S.A: “Diversidade: O Tapete Bonito Que Esconde a Poeira

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O sol ainda nem tinha aquecido a copa das árvores e os bichos da Selva S.A . já estavam reunidos na clareira. As árvores não davam sombra o suficiente para esconder os olhares atravessados. No galho central da Selva S.A., uma faixa tremulava ao vento: “Empresa amiga da Diversidade, Inclusão e Equidade.” Mas a Pantera Negra, gerente de projetos que nunca fora promovida, encarou aquilo com desconfiança: — “Diversidade não é mostrar que tem um de cada bicho na foto do folder. É garantir que todos possam ocupar qualquer galho da árvore.” O Tamanduá Nordestino , que fazia entrega na floresta central, completou: — “A diversidade começa quando quem vem de longe também é ouvido. Não só lembrado no Dia da Caatinga.” A Arraia Trans , do setor jurídico, falou sem medo: — “Inclusão não é me deixar entrar numa árvore que não tem degraus pra mim. Inclusão é mudar o tronco pra caber todos.” O Mico com nanismo , arquiteto de galhos, limpou o suor e disse: — “Querem minha imagem, mas não adaptam minha...

Crônicas da Selva S.A - Vaga Exclusiva ou Vaga Excludente?

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  Naquela manhã abafada da Selva S.A., uma placa apareceu cravada no tronco principal da árvore da empresa TroncoTech:  “Vaga exclusiva para animais com deficiência.” Parecia uma notícia boa. Mas ali, na floresta das aparências, nem tudo que parece inclusão é, de fato, incluído. A Lontra Cega , mestre em leitura sensorial e mapeamento fluvial, leu a placa com a ajuda de seu amigo o Grilo Tradutor de Sons e resmungou: — “Se a empresa é mesmo inclusiva, por que precisa avisar que essa vaga é ‘exclusiva’ pra mim? Isso já me separa do resto.” O Cavalo Surdo , gerente de transporte interflorestal, ergueu as orelhas e usou sinais com o apoio do Papagaio Libras : — “É como dizer: você só entra por essa porta, e só se for agora. A porta principal continua sendo para os outros.” A Girafa de Próteses , especialista em logística de galhos altos, comentou com um olhar de quem já subiu e caiu muitas vezes: — “Já passei por 12 seleções. Todas diziam ser inclusivas. Em nenhuma havia rampa n...

Crônicas da Selva S.A - O Preço de Se Esconder: A Deficiência que a Selva Não Quer Ver

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  Era manhã de neblina na Selva S.A. Os galhos não balançavam, os e-mails não pingavam e até os algoritmos da Aranha Digital pareciam travados. Mas lá no auditório da clareira central, a assembleia estava formada. O tema? Por que tantos animais escondem suas deficiências para conseguir um lugar na floresta corporativa. A primeira a falar foi o Tubarão-branco da TI , que usava um fone especial no ouvido e lia com lupa os relatórios. Ela soltou, sem rodeios: — “Escondo minha audição limitada porque sei que, se eu contar, vão me tratar como incapaz. Mesmo sendo eu quem mantém os sistemas da floresta rodando.” Do fundo, o Bicho-Preguiça da Contabilidade tossiu com força e disse com calma: — “Minha deficiência motora me impede de andar rápido, mas não de calcular com exatidão. Só que ninguém quer esperar meu tempo.” A assembleia silenciou quando a Onça Surda da Comunicação levantou a pata. Seu intérprete de sinais, o Beija-flor, traduziu: — “Se falo da minha deficiência, me excluem de...