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Mostrando postagens de abril, 2025

Eita, Eita, Eita! Uma Hora Irá Acontecer — Mas de Quem Será a Culpa?

  Narrado por Sócrates , o velho pensador das ruas e das perguntas incômodas. Era uma vez no Reino de Atlantis , um condomínio tão bonito que as árvores pareciam ter sido desenhadas por artistas e os blocos reluziam sob o sol como pequenas cidadelas douradas. Ali, todos os dias, a Nova Gestão — um grupo de zeladores da boa convivência — espalhava mensagens, bilhetes, cartas e até sinais de fumaça: "Não ande de bicicleta no subsolo!" "Não corra com o carro como se estivesse na Fórmula 1!" "Jogue o lixo na lixeira, não do lado!" "Ao andar com seu pet, recolha o que ele deixar!" "Use focinheira se precisar!" "Criança não pode andar sozinha no elevador!" "Brinquedos são para brincar sob os olhos dos responsáveis!" Era como se Atlantis vivesse num eterno manual de boas práticas . Mas todo dia, entre uma recomendação e outra, Sócrates observava... Corridas no subsolo. Pets passeando sozinhos. Lixo...

Reunião Urgente no Reino de Atlantis: Convocação do Gambá da Piscina

 No fundo abissal do lendário Reino de Atlantis — aquele que muitos juram que afundou, mas na verdade apenas cansou da bagunça — uma reunião extraordinária foi convocada. Não era comum que as criaturas mitológicas saíssem de suas conchas, covis e grutas sagradas para tratar de assuntos “mundanos”. Mas aquele dia pedia exceção. O anfitrião? O Gambá da Piscina. Um ser mitológico injustiçado, eternamente confundido com uma ratazana de esgoto, mesmo sendo mestre em Aromaterapia Apocalíptica e doutor honoris causa em Sustentabilidade Olfativa. — Senhores e senhoras, criaturas do imaginário coletivo, peço silêncio — disse o Gambá, enquanto o Minotauro escondia o cooler de cerveja atrás de um coqueiro e a Fênix ajustava os cílios postiços. A pauta era clara: “O Caos no Reino de Atlantis – Reflexo do Ex-Rei ou dos Moradores Pós-Iluminados?” O primeiro a tomar a palavra foi o Dragão Educado, com seu blazer xadrez e bafo de menta. — Não é possível que, mesmo com tanto diploma voando por...

O Reino de Atlantis e a Maldição dos Condilianos

Era uma vez, nas profundezas do lendário Reino de Atlantis , um lugar que, embora mitológico, tinha tudo que um bom condomínio de luxo deveria ter: piscinas cintilantes, salões de festas que pareciam ter saído de novela das nove, jardins instagrameáveis e, claro, moradores altamente qualificados — doutores, mestres, pós-doutorados, autodidatas do YouTube e especialistas em "pagar condomínio e reclamar no grupo". Mas havia um problema. Um não, vários . E todos tinham cheiro de cerveja esquecida no subsolo e som de ar-condicionado pingando feito cachaça de boteco. Foi então que o Gambá da Piscina , ser mitológico confundido injustamente com uma ratazana do esgoto (e que cheirava melhor do que muitos corredores), decidiu convocar uma Assembleia Extraordinária dos Seres Fantásticos e dos Problemas Reais . Compareceram à reunião o Minotauro do Subsolo (que já estava cansado de quase ser atropelado por moradores no rali dos carros turbo), a Sereia do Playground , o Dragão da L...

EXTRA! EXTRA! — O SUMIÇO ENCANTADO DOS OBJETOS DO REINO DE ATLANTIS!

  Uma fábula de risos, reflexões e chaves que somem misteriosamente... Conta-se nos pergaminhos ilustrados do Reino de Atlantis , que uma estranha magia tomou conta dos corredores: objetos começaram a desaparecer . Carrinhos de compras, vassouras da limpeza real, copos da área comum, cadeiras da churrasqueira, mangueiras do jardim e até controles do portão. Tudo... sumia . Como por encanto! As más línguas diziam: — Foi o duende do armário! Outros mais espirituosos alegavam: — Peguei por engano… já estava aqui em casa, nem percebi! E os mais ousados soltavam: — Isso aí é falta de organização do reino. Tá tudo largado mesmo! Mas o Conselho dos Sábios pediu uma análise mais profunda. Chamaram o psicólogo do reino, o terapeuta da torre leste e até o velho filósofo que passava os dias jogando milho aos pombos pensadores da praça. O psicólogo diagnosticou: — Esse “sumiço” tem nome. É a normalização da apropriação. A mente justifica: “foi pequeno, ninguém vai sentir falta”. Isso...

UMA CAMINHADA FILOSÓFICA PELO ATLANTIS: SÓCRATES, PLATÃO, ARISTÓTELES E JESUS EM DIÁLOGO SOBRE A BOA CONVIVÊNCIA

  O sol ainda nascia sobre o Atlantis, e lá estavam eles, figuras improváveis para um passeio matinal: Sócrates, Platão, Aristóteles e Jesus Cristo caminhavam lado a lado, debatendo sobre a boa convivência condominial. Sócrates, sempre questionador, lançou a primeira provocação: — Meus amigos, o que é, de fato, a boa convivência? Será apenas a ausência de brigas ou algo maior? Platão, gesticulando dramaticamente, respondeu: — A boa convivência, Sócrates, é como minha teoria das ideias: o que vivemos aqui é apenas a sombra do que deveria ser! No mundo perfeito, todos recolheriam o próprio lixo, respeitariam as regras e não fariam barulho fora de hora! Aristóteles, sempre pragmático, interveio: — Ah, Platão, esqueça esse mundo das ideias! O que importa são as ações! Uma boa convivência depende de hábitos! Se cada morador cultivar virtudes como respeito, paciência e colaboração, teremos um reino harmonioso. Jesus, sorrindo, olhou para os três e disse: — A boa convivência começa no cor...

A Violência Feminina e o Silêncio que Grita – Um Diálogo entre Maria da Penha e Rubem Alves no Coração do Condomínio

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Era uma tarde leve no Rio de Janeiro. O sol tímido, os pássaros cantando discretamente e as árvores dançando com o vento. No banco em frente ao jardim central, dois visitantes ilustres conversavam como velhos amigos: Maria da Penha e Rubem Alves. Rubem Alves (observando as crianças brincarem ao longe): — Maria... você já reparou como esse lugar tem cheiro de recomeço? Mas mesmo em lugares bonitos, silenciosamente, há dores que se escondem nos apartamentos, entre paredes que calam. Maria da Penha (com olhar firme, porém sereno): — Rubem, a violência contra a mulher não escolhe CEP. Ela pode estar ao lado da piscina ou atrás de uma porta trancada. O silêncio é o primeiro cúmplice. E foi para quebrar esse silêncio que a minha história se transformou em lei. Rubem Alves: — É curioso, Maria. Você, que perdeu tanto, deu nome à proteção de tantas. Como nasceu essa lei? Maria da Penha: — Foram anos de dor e injustiça. Fui vítima de duas tentativas de assassinato por parte do meu então companhe...

A Fábula do Guepardo e do Elefante: Quando a Dor Ensina a Voar

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  No meio da savana dourada, sob o calor que ondulava no horizonte, o Guepardo Zazu corria de um lado para o outro, inquieto. Sua velocidade era admirada, mas dentro dele, havia algo que nem sua corrida conseguia calar: o peso da insatisfação . Cansado de rodar em círculos, Zazu subiu até a colina mais alta, onde morava o velho Elefante Bantu , conhecido como o sábio do vale. — Bantu, por que mudar dói tanto? — perguntou Zazu, ofegante. — Por que, mesmo sabendo que preciso mudar, algo dentro de mim resiste, chora, se debate? O Elefante, paciente, mexeu lentamente suas enormes orelhas e respondeu: — Porque mudar é enterrar quem você foi. — Seu cérebro, pequeno Zazu, foi treinado para proteger você da dor, da incerteza. Ele prefere os velhos hábitos, mesmo que sejam ruins. É mais confortável sofrer do que se transformar. Zazu abaixou a cabeça. Lá embaixo, na savana, viu os outros guepardos correndo em círculos, alegres — mas presos. — Então é normal doer? — perguntou, qu...

A Fábula dos Espelhos Quebrados

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  Ou: o dia em que a alma cansou de esperar por likes Era uma vez, num reino moderno e barulhento, um vilarejo chamado Egosfera . Lá, todas as criaturas viviam com espelhos pendurados no pescoço. Eles não refletiam o que se era — refletiam o que os outros queriam ver . os sentimentos por engajamento, e o silêncio… bom, o silêncio era bloqueado. Saltavam como sapos felizes num pântano digital, vendendo a si mesmas em troca de uma migalha de aplauso. Enquanto isso, no fundo da floresta invisível, morava um ser antigo, chamado Sentido . A maioria o achava velho, sem filtro, cansativo. Afinal, ele não gerava cliques. Só reflexões . Depois outro. E mais outro. As imagens começaram a trincar, e com elas, os sorrisos falsos, as frases copiadas, as danças mecânicas. Me trocaram por filtros. Me trocaram por aprovação instantânea. Mas agora, sem mim, vocês estão sozinhos em quartos iluminados por telas e escurecidos por dentro.” Um filósofo, que já pensara por si, agora repet...

A Fábula do Tatu e da Coruja: O Reino dos Repetidos

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Uma conversa sobre espelhos, muros e lixo emocional Na encosta de um morro urbano, onde os prédios cresceram como árvores de concreto, vivia um Tatu chamado Tertuliano . Ele não era qualquer tatu — era um daqueles que cavava fundo, não buracos no chão, mas perguntas na alma. Certa manhã, ele foi visitar sua amiga, a Coruja Belmira , que morava numa árvore isolada no centro de um condomínio chamado “Bosque dos Repetidos” . — Belmira, — começou Tertuliano, arrastando sua carapaça como quem carrega uma década nas costas — você já percebeu que tudo aqui se repete? A coruja ajeitou os óculos, virou a cabeça 180 graus e respondeu: — Repete mesmo. O lixo fora do lugar, o cachorro solto, a música alta, o elevador preso no andar errado, as crianças virando ciclone, os adultos virando estátua. E o mais curioso... todos acham isso normal. — E o que mais me dói — disse o tatu — é que ninguém reflete que conviver é um verbo, não uma decoração de edital de condomínio. Mas sabe, Belmira, o que...