A Violência Feminina e o Silêncio que Grita – Um Diálogo entre Maria da Penha e Rubem Alves no Coração do Condomínio



Era uma tarde leve no Rio de Janeiro. O sol tímido, os pássaros cantando discretamente e as árvores dançando com o vento. No banco em frente ao jardim central, dois visitantes ilustres conversavam como velhos amigos: Maria da Penha e Rubem Alves.

Rubem Alves (observando as crianças brincarem ao longe):
— Maria... você já reparou como esse lugar tem cheiro de recomeço? Mas mesmo em lugares bonitos, silenciosamente, há dores que se escondem nos apartamentos, entre paredes que calam.

Maria da Penha (com olhar firme, porém sereno):
— Rubem, a violência contra a mulher não escolhe CEP. Ela pode estar ao lado da piscina ou atrás de uma porta trancada. O silêncio é o primeiro cúmplice. E foi para quebrar esse silêncio que a minha história se transformou em lei.

Rubem Alves:
— É curioso, Maria. Você, que perdeu tanto, deu nome à proteção de tantas. Como nasceu essa lei?

Maria da Penha:
— Foram anos de dor e injustiça. Fui vítima de duas tentativas de assassinato por parte do meu então companheiro. Sobrevivi, mas por muito tempo a Justiça ficou cega. Foi só quando levei meu caso à Comissão Interamericana de Direitos Humanos que o Brasil foi responsabilizado. E em 2006, nasceu a Lei 11.340, que hoje leva o meu nome. A Lei Maria da Penha. Ela não é apenas uma lei, Rubem. Ela é uma voz para tantas que ainda não conseguem falar.

Rubem Alves (encostando-se no banco):
— E mesmo com essa conquista, muitas ainda sofrem caladas. No fundo, Maria, acho que ainda confundimos amor com posse, proteção com controle, silêncio com paz.

Maria da Penha:
— E isso precisa mudar, Rubem. Aqui mesmo, no Atlantis, as paredes escutam mais do que os vizinhos. Precisamos falar, acolher, orientar. Porque a violência começa pequena: num tom alto, num olhar de desprezo, num "foi só um empurrão". A lei está aí, mas ela precisa andar junto da educação e da consciência.

Rubem Alves:
— Eu dizia que educar é mostrar a beleza da vida. Mas como uma mulher vai ver beleza onde há medo? O que diria àquelas que vivem esse ciclo?

Maria da Penha:
— Que há saídas. Que o amor verdadeiro não fere. E que no Atlantis Park, ou em qualquer lugar, ninguém está sozinha. A Lei Maria da Penha é uma ferramenta, mas a transformação começa com coragem — e apoio.

Rubem Alves (com um sorriso leve):
— Talvez o Atlantis Park seja um lugar perfeito para uma nova cultura: a do respeito, da empatia e da escuta. Onde as palavras não sejam armas, mas pontes.

E, ao final da conversa, moradores começaram a se aproximar, em silêncio, ouvindo, sentindo. Porque naquele dia, o condomínio ouviu mais do que uma conversa — ouviu um chamado.

Se você vive ou conhece alguém que vive violência:
  •  Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher
  • Disque 100 – Violação de Direitos Humanos
  • 190 – Emergência - Polícia Militar do Estado do Rio de janeiro

No Atlantis Park e em qualquer lugar: ninguém deve viver com medo. O silêncio machuca. A voz liberta. E a Lei Maria da Penha protege.

Autor: Antoniel Bastos, escritor, coach em desenvolvimento humano, jornalista e presidente do Instituto Rede Incluir


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