A Tsunami Silenciosa: 38% das Demissões no Brasil São Pedidos, e o Leão na Selva S.A. Está em Choque
Na Selva S.A., o cheiro no ar não é só de flores e frutas maduras é de instabilidade. Os ventos que correm pelo cipó da economia trazem um dado assustador: em 2025, segundo o O Globo e a BBC Brasil, os pedidos voluntários de demissão atingiram 38% de todas as dispensas no país, um recorde histórico. Mais chocante ainda: as razões não são apenas financeiras. Do burnout à falta de propósito, da ausência de liderança à corrosão silenciosa da convivência, o Brasil está vivendo uma tsunami de desligamentos. E, aqui na Selva S.A., onde cada animal tem um cargo e um temperamento, o assunto foi parar na pauta da reunião extraordinária da alta gestão.
A Palestra do Elefante Filósofo: O Peso das Saídas
Com sua memória impecável e voz grave, o Elefante, diretor de Recursos Naturais e Humanos da Selva, abriu o encontro com um slide projetado na pedra central:
Segundo o VOCÊ RH e o Mercatus Jornal, os 10 principais motivos para um brasileiro pedir demissão hoje são:
Falta de reconhecimento (79%)
Remuneração inadequada (72%)
Ambiente tóxico (68%)
Falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional (65%)
Ausência de plano de carreira (63%)
Liderança despreparada (61%)
Falta de propósito no trabalho (59%)
Excesso de pressão e cobrança (56%)
Benefícios insuficientes (55%)
Cultura organizacional incompatível (53%)
Ele fez uma pausa e soltou, lembrando Aristóteles:
“O homem é um animal social. Retire dele a harmonia e ele se devora por dentro.”
O Debate Animal
O Leão, CEO da Selva S.A.:
— Se 38% estão pedindo para sair, isso não é fuga, é êxodo! Depois da pandemia, parece que o humano perdeu a habilidade de lidar com o próprio bicho interior.
A Coruja Conselheira:
— Dados da BBC mostram que, em comparação a 2023, aumentou em 12% a taxa de profissionais que pedem demissão sem ter outro emprego. Isso é sintoma de que a saúde mental está pesando mais que a segurança financeira. “Estamos numa era em que o humanismo virou biomassa emocional. Profissionais autorizam a si mesmos a pedir demissão por falta de alma no crachá” lembrando Dostoiévski: O grau mais elevado de amor é não amar a si mesmo mas doar-se.
“De que vale ganhar o mundo inteiro e perder a própria alma?” (Mateus 16:26)
O Macaco Analista de Comportamento:
— Vejo líderes que acham que sabem gerir, mas não sabem gerir nem o próprio ego. “Veja só: turnover custa entre 50% a 200% do salário anual de cada funcionário. Em uma equipe de 10 com salário médio de R$ 6.000/mês, estamos falando de R$ 360,000 a R$ 1.440,000 por pedido de saída.”VOCÊ RH mostra que 61% saem por causa de liderança despreparada. E como dizia Sêneca:
“Nenhum vento é favorável para quem não sabe aonde vai.”
A Girafa de Visão Ampla:
— É a falta de perspectiva. Sem plano de carreira, 63% desistem. E isso vale aqui e no mundo corporativo humano. Se a visão de longo prazo não existe, a floresta vira mato sem trilha. “A cada demissão voluntária com justa causa, é uma árvore daquela mata chamada cultura que cai. A rescisão, por si, é árvore derrubada. A cultura coletiva se esfumaça.”
O Beija-Flor do Bem-Estar:
— E o equilíbrio, hein? Mercatus Jornal apontou que 65% estão exaustos da falta de vida pessoal. Trabalhar não é viver. Até o Criador descansou no sétimo dia.
O Jacaré do Compliance:
— Mas não é só emoção. Salário baixo e benefícios ruins estão no topo. Quando 72% reclamam do bolso e 55% dos benefícios, é porque a água já está na boca.
A Sala Silencia
No fundo, o Búfalo recém-demitido suspirou:
— “Quer saber o que dói mais? Não é pedir demissão. É perceber que sua presença já não é notada nem pelo espelho.”
IMPACTO FINANCEIRO NA SELVA S.A.
- Turnover médio: 3,4% ao mês de funcionários formais no Brasil
- Custo estimado por turnover: entre 50% e 200% do salário anual.
📌 Exemplo prático:
Em uma equipe com 10 membros, cada um ganhando R$ 72.000,00/ano, uma única demissão pode custar de R$ 36.000,00 a R$ 144.000,00 à empresa.
🚨 Agora imagine isso em escala: Se 38% dos colaboradores saem voluntariamente ao ano, em uma empresa de 200 pessoas isso significa 76 desligamentos anuais.
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Cenário mínimo: 76 × R$ 36.000,00 = R$ 2.736.000,00
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Cenário máximo: 76 × R$ 144.000,00 = R$ 10.944.000,00
Efeito em cascata: produtividade despenca, moral da equipe afunda, e os custos de recrutamento e treinamento explodem. Uma demissão emocional não é só um ato administrativo é um terremoto interno que pode custar tanto quanto um tsunami financeiro.
FRASES PODER DOS ANIMAIS
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Coruja: “O profissional do amanhã precisa ser, antes de tudo, homem e não robô de resultados.”
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Macaco: “A empresa pode até substituir uma pata, mas não substitui um coração morto.”
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Girafa: “Sem crescimento, a gente murcha. Quem não floresce, seca o bosque.”
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Búfalo: “A demissão não é um salto. É um abandono”.
Análise por Antoniel Bastos
O que estamos vendo, meus caros, não é só uma estatística de RH. É um retrato cru de um país que está se divorciando de sua própria capacidade de conviver. A pandemia descarnou o verniz civilizatório e revelou o homo irritabilis, um ser humano que não sabe mais esperar, ouvir, acolher. Empresas se orgulham de métricas e metas, mas esquecem que não existe KPI que compense um abraço não dado, uma palavra de reconhecimento sufocada. É o colapso emocional travestido de escolha profissional.
E não pensem que é só sobre “melhores salários” ou “benefícios atraentes”. É sobre dignidade. É sobre acordar e não sentir no estômago aquele nó que anuncia mais um dia de guerra fria no escritório. O mercado de trabalho virou uma arena onde não vence o mais preparado, mas o mais resistente à hostilidade e isso não é progresso, é decadência.
Se metade dos profissionais prefere saltar no escuro a continuar no emprego, então a verdadeira crise não está na economia, está na alma das empresas. E, se não tratarmos disso agora, a Selva S.A. e o Brasil real vão descobrir que, sem humanidade, nenhum negócio sobrevive.
Estamos vivenciando uma hecatombe emocional travestida de volta ao mercado. O “preferir sair” virou grito civilizatório de quem não aguenta mais viver dentro do casulo corporativo vazio. Não é burn-out. É burn-inside queima interna.
As empresas celebram resultado, mas não enxergam sangue. Tiram nota de eficiência, mas ignoram o luto coletivo nos corredores. A liderança virou algoritmo que executa ordens, e esqueceu de escutar coração.
É uma recessão afetiva em pleno surto econômico. Profissional que vive no limite passa a linha. Não sob pressão, mas sob ausência de escuta.
A conta do turnover é alta, sim. Mas o preço real é invisível: o humano que some. Porque sem humanidade, nem o resultado salva.
A selva está em caos. Mas a cura está na escuta. E começa quando o Leão aprende a sentir antes de liderar.
Antoniel Bastos - Presidente da Rede Incluir, jornalista (MTB 00375/RJ), escritor e Coach em Desenvolvimento Humano (Universidade Anhanguera - SP). Minha expertise se estende ao Marketing Digital (Pós-Graduação Unisignorelli - RJ) , líder de iniciativas de Diversidade e Inclusão como Diretor de RH da ACIJA - Associação Industrial e Comercial de Jacarepaguá e Gestor de Relacionamento Estratégico do Grupo Tokke - Gestão de Qualidade de Vida.
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