A Selva da Geração Z: Conectados, Formados e Perdidos no RH do Leão

 

Introdução

A Selva S.A. acordou em alvoroço. O Leão, CEO do império corporativo da savana, recebeu um relatório da “Criteria da Floresta” com um dado que rugiu mais alto que trovão: 92% dos jovens da Geração Z estão sendo rejeitados nas contratações.

O motivo? Não é a falta de diploma é a ausência de habilidades humanas. Apenas 8% dos candidatos estavam realmente prontos para os cargos que desejavam (Fonte: Criteria Report 2025).

Enquanto isso, um estudo do LinkedIn 2024 revelou que as soft skills comunicação, empatia, colaboração e resiliência representam 89% do sucesso profissional, e o Fórum Econômico Mundial prevê que 44% das habilidades atuais dos trabalhadores precisarão ser atualizadas até 2027.

Mas... o que está acontecendo com a geração mais conectada da história? O que leva jovens altamente digitais a se perderem na selva emocional do mundo do trabalho?

O Diálogo na Selva S.A.

O Leão bateu a pata na mesa de cipó:

Leão (CEO da Selva S.A.):

— Temos uma crise de talentos, mas também uma crise de convivência! Os jovens chegam com tablets, mas esquecem de olhar nos olhos. Querem propósito, mas não suportam feedback.

A Coruja, diretora de RH e sabedoria milenar, ajeitou os óculos:

Coruja (RH):

— Dados do Caged 2025 mostram que o desemprego entre jovens de 18 a 24 anos ainda é o dobro da média nacional, mesmo após a retomada pós-pandemia. O problema não é falta de currículo... é falta de escuta.
— “A tecnologia avança, mas o coração humano não fez download da empatia.”

O Macaco, sempre falante e representante da Geração Z na Selva, respondeu balançando o smartphone:

Macaco (Estagiário Digital):

— Nós não queremos ser peças de máquina, Coruja! Queremos liberdade, flexibilidade, propósito. O mundo mudou, o trabalho também deveria mudar!
— “Vocês pedem experiência, mas não dão a chance de tê-la.”

O Elefante, da contabilidade, bufou com sabedoria ancestral:

Elefante (Finanças):

— Jovem, na minha época, paciência era competência. Hoje, parece obsoleta. O turnover entre jovens triplicou em cinco anos (Deloitte Millennial Survey 2025). Cada saída custa, em média, R$ 25.000 por colaborador, entre recrutamento e treinamento.
— A pressa está nos custando caro. O talento foge antes de florescer.

A Onça, diretora de inovação, olhou para todos:

Onça (Inovação):

— A Geração Z nasceu multitarefa, mas isso tem preço: ansiedade recorde. Segundo o IBGE 2024, 1 em cada 3 jovens entre 18 e 29 anos relatou sintomas de esgotamento mental.
— “Como inovar se o cérebro está cansado antes de começar o dia?”

Trilha de Ações: A Selva Decide Agir

Diante do debate, o Leão convocou o “Plano Z+”.
Cada animal trouxe uma ideia para reconectar a nova geração ao propósito da Selva S.A.:

Mentoria Reversa:
Jovens ensinam tecnologia; veteranos ensinam sabedoria emocional.
Escolas da Escuta: Rodas mensais de conversa sem cargos, só vozes.
Propósito com Pés no Chão: Relembrar que propósito não é um post no LinkedIn, é a entrega diária com empatia.
Espaços Híbridos Reais: Menos controle de ponto, mais foco em resultado.
Programas de Inteligência Emocional: Parceiros humanos e digitais aprendendo a sentir antes de reagir.

Frases Filosóficas da Selva

“Nenhum diploma cura a ausência de humanidade.” Coruja

“Quem busca sentido no trabalho sem se entender primeiro, encontra apenas frustração.” Macaco  

“O futuro do trabalho não será digital. Será emocional.” Leão

Análise Final por Antoniel Bastos 

O que estamos vendo, talvez, não seja uma crise de geração mas uma crise de espelhos.
Os jovens olham para um mundo que exige deles o impossível: ser inovador, resiliente, emocionalmente estável e criativo… em meio a um planeta em colapso de sentido.

As empresas, por sua vez, estão tão obcecadas por eficiência que esqueceram de olhar o essencial o olhar humano. A Geração Z não é preguiçosa. Ela é ansiosa. É conectada, mas solitária.
Nasceu ouvindo “você pode tudo”, e agora enfrenta o “você não serve”.

De um lado, diplomas pendurados.
Do outro, corações pendurados por um fio de Wi-Fi.

Precisamos parar de demonizar a juventude e começar a alfabetizar a alma corporativa.
Como diria Nietzsche:

“Aquele que tem um porquê enfrenta qualquer como.”

E talvez, o “porquê” da Geração Z ainda esteja sendo escrito com lágrimas digitais, emojis e sonhos em 4K.

Enquanto isso, a Selva S.A. segue tentando equilibrar rugidos e hashtags.
Mas, no fundo, a verdade é uma só: a tecnologia avança em gigabytes a empatia ainda anda em passos de tartaruga.

Antoniel Bastos: Presidente da Rede Incluir, jornalista (MTB 00375/RJ), escritor e Coach em Desenvolvimento Humano (Universidade Anhanguera/SP). Pós-graduado em Marketing Digital (Unisignorelli/RJ), é Diretor de RH da ACIJA e Gestor de Relacionamento Estratégico do Grupo Tokke. Especialista em Diversidade, Inclusão e Comportamento Organizacional, atuando na transformação de culturas corporativas com uma linguagem humana, crítica e inspiradora.


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