A Fábula do Guepardo e do Elefante: Quando a Dor Ensina a Voar

 

No meio da savana dourada, sob o calor que ondulava no horizonte, o Guepardo Zazu corria de um lado para o outro, inquieto.

Sua velocidade era admirada, mas dentro dele, havia algo que nem sua corrida conseguia calar: o peso da insatisfação.

Cansado de rodar em círculos, Zazu subiu até a colina mais alta, onde morava o velho Elefante Bantu, conhecido como o sábio do vale.

— Bantu, por que mudar dói tanto? — perguntou Zazu, ofegante.
— Por que, mesmo sabendo que preciso mudar, algo dentro de mim resiste, chora, se debate?

O Elefante, paciente, mexeu lentamente suas enormes orelhas e respondeu:

— Porque mudar é enterrar quem você foi.
— Seu cérebro, pequeno Zazu, foi treinado para proteger você da dor, da incerteza. Ele prefere os velhos hábitos, mesmo que sejam ruins. É mais confortável sofrer do que se transformar.

Zazu abaixou a cabeça.
Lá embaixo, na savana, viu os outros guepardos correndo em círculos, alegres — mas presos.

— Então é normal doer? — perguntou, quase em sussurro.

Bantu sorriu, um sorriso que carregava todas as chuvas e secas da vida:

— É mais do que normal, meu pequeno amigo. É necessário.
— No seu cérebro, cada passo novo é como abrir um caminho no meio da floresta: rasga, arranha, sangra. Mas a cada novo passo, nasce um novo você.

— E se eu voltar para trás?

— Então continuará rodando em círculos, achando que está correndo para frente.

O vento soprou forte.
Zazu sentiu o chão tremer sob suas patas.
E ali, naquela tarde, ele entendeu: não basta querer mudar. É preciso atravessar a dor da mudança.
É preciso sangrar um pouco para florescer.

Então o guepardo respirou fundo, fechou os olhos, e deu o primeiro passo na direção contrária ao que sempre conheceu.
Seus músculos doeram. Seu peito apertou. Mas no meio do desconforto, algo floresceu: liberdade.

Moral da Fábula:

Mudar é morrer um pouco.
É decepcionar quem esperava o velho você.
É sentir medo no início.
Mas é também nascer de novo.
É ser maior do que os próprios limites.
É florescer onde antes havia só terra batida.

A dor da mudança é real — mas o brilho da transformação é eterno.