A Vida a Pé: Quem São as Pessoas Que Andam Pelas Ruas do Brasil?
Uma crônica fabulada sobre corpos que caminham, mentes que vagam e almas que tropeçam
Na Selva S.A., os animais perceberam algo curioso: não era só dentro das empresas que o caos emocional estava evidente. Bastava sair do prédio, atravessar a rua, caminhar pela calçada.
- Pessoas esbarrando sem pedir desculpa.
- Outras paradas no meio do caminho, olhando o celular como se o mundo tivesse dado pause.
- Gente acelerada demais.
- Gente perdida demais.
- Gente vazia, cansada, exausta andando sem saber para onde vai.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), transtornos ligados à ansiedade, estresse crônico e desatenção cresceram mais de 25% no mundo após 2020, impactando diretamente a forma como as pessoas se comportam nos espaços públicos. No Brasil, estudos do Ministério da Saúde indicam aumento consistente de atendimentos por transtornos de ansiedade e depressão entre 2022 e 2024 e isso não fica restrito ao consultório: transborda para a rua.
Foi então que o Conselho da Selva decidiu observar os pedestres.
- Não os carros.
- Não as empresas.
- As pessoas que caminham.
A Reunião da Selva: Os Animais Observam os Pedestres
A Coruja Psicóloga: O Pedestre Dissociado
“Ele anda, mas não habita o próprio corpo.”
Estudos da American Psychological Association indicam crescimento da dissociação leve causada por excesso de estímulos, telas e estresse contínuo.
📌 Sinal visível: olhar vazio, tropeços, atravessar sem perceber riscos.
🧠 Hannah Arendt ecoa na Selva: “A maior tragédia do homem moderno é a incapacidade de pensar sobre o que está fazendo.”
A Tartaruga Terapeuta: O Pedestre Exausto
“Ele não está lento. Ele está esgotado.”
Segundo o IBGE, mais de 40% dos brasileiros relatam cansaço frequente, mesmo fora do trabalho.
🧠 Byung-Chul Han explica: “O cansaço é o sintoma central da sociedade do desempenho.”
📌 Na rua: passos pesados, ombros caídos, respiração curta.
O Guepardo Ansioso: O Pedestre Acelerado
“Ele corre como se estivesse sempre atrasado… da própria vida.”
Pesquisas em neurociência mostram que ansiedade crônica mantém o corpo em estado permanente de alerta, elevando cortisol.
🧠 Sêneca advertia: “Não é que tenhamos pouco tempo, mas perdemos muito dele.”
📌 Na calçada: empurrões, irritação, agressividade passiva.
“Ele fala com o mundo inteiro, mas ignora quem está ao lado.”
Segundo o DataReportal, o brasileiro passa em média 9 horas por dia conectado.
Isso impacta atenção, empatia e percepção espacial.
🧠 Pascal já alertava: “Toda infelicidade humana vem da incapacidade de ficar em silêncio.”
O Elefante Emocional: O Pedestre Carregado de Histórias
“Cada passo dele carrega um trauma não resolvido.”
Estudos sobre trauma urbano mostram que violência, perdas e medo alteram postura corporal e reatividade social.
🧠 Carl Jung esclarece: “Aquilo que não é tornado consciente retorna como destino.”
O Cervo Existencial: O Pedestre Perdido
“Ele anda… mas não sabe por quê.”
Pesquisas em psicologia existencial indicam que falta de propósito aumenta sintomas de apatia e desorientação.
🧠 Viktor Frankl ensina: “Quando o homem não encontra sentido, ele se distrai.”
O Impacto Social Invisível
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Mais conflitos entre pedestres
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Aumento de pequenos acidentes urbanos
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Irritabilidade coletiva
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Perda de empatia cotidiana
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Sensação generalizada de desorientação
A rua virou termômetro emocional da sociedade.
Análise Final Antoniel Bastos
Estamos andando.
Mas não estamos indo.
O Brasil virou um país de corpos em trânsito e almas em espera. Gente que cruza ruas como cruza a própria existência: sem olhar, sem presença, sem escuta.
A calçada virou divã coletivo. Ali se revelam o cansaço crônico, a ansiedade silenciosa, a pressa vazia e o vazio existencial.
Heidegger dizia que o homem se perde quando vive no “se faz assim”.
- E nos perdemos.
- Aceitamos o automático.
- Naturalizamos o esbarrão.
- Normalizamos o vazio.
Falamos de produtividade, mobilidade, eficiência. Mas esquecemos do essencial: o humano que anda.
Enquanto não cuidarmos da mente, do afeto, do silêncio e do sentido, continuaremos colidindo nas ruas, nas relações, na vida.
A Selva S.A. apenas observou.
A mudança não começa na calçada.
Começa dentro.
Antoniel Bastos – Presidente da Rede Incluir, jornalista (MTB 00375/RJ), escritor e coach em Desenvolvimento Humano. Pós-graduado em Marketing Digital, atua como Diretor de RH da ACIJA e Gestor de Relacionamento Estratégico do Grupo Tokke. Especialista em Diversidade, Inclusão e Comportamento Organizacional, dedica-se à transformação de culturas corporativas com uma abordagem humana e inspiradora.
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