ENTREVISTA EXCLUSIVA: Antoniel Bastos e a Selva S.A.: Quando os animais falam, o mundo do trabalho escuta
O criador da Selva S.A. e a força das histórias que ninguém mais estava contando
Em um mundo corporativo saturado por discursos formais, planilhas motivacionais e diversidade de fachada, surgem projetos que ousam fazer diferente. Que desafiam a lógica do “politicamente correto” e se colocam no campo da sensibilidade, da criatividade e da reflexão real.
É nesse contexto que nasce e cresce a Selva S.A., um ecossistema de crônicas, fábulas e provocações construído por Antoniel Bastos. A floresta aqui é simbólica, mas os conflitos são reais. São os animais que falam, mas são as pessoas que se enxergam.
Nesta entrevista exclusiva, Antoniel nos convida a caminhar por entre galhos de ideias, raízes de críticas e folhas de possibilidades. Ele explica por que transformou o mundo do trabalho em selva literária, por que usa a metáfora como ferramenta de consciência, e como a arte pode ser ponte entre o discurso e a prática.
Prepare-se para conhecer mais do autor por trás da floresta que virou voz para quem nunca foi escutado.
🗣️ Antoniel, quem é você e por que decidiu dar voz aos animais da selva para falar sobre o mundo do trabalho?
Sou um comunicador que acredita na força da palavra quando ela encontra propósito. A Selva S.A. nasceu da minha inquietação com um mercado que, muitas vezes, mascara problemas profundos com discursos prontos. Eu não queria ensinar fórmulas. Quis provocar reflexões. E encontrei na metáfora da floresta e nos animais uma forma potente, acessível e sensível de dizer verdades difíceis sem hostilidade.
Não idealizei a Selva S.A. para apontar dedos. Criei esse projeto para que pudéssemos, por meio da linguagem simbólica e criativa, pensar sobre tudo o que atravessa o mundo do trabalho: saúde mental, bem-estar, desenvolvimento humano, gestão, empatia, diversidade, liderança, inclusão e criatividade.
🐾 Por que você escolheu a "selva" como cenário e os animais como narradores?
A selva é um ecossistema diverso, competitivo, hierárquico como o mercado de trabalho. Os animais me permitem falar de temas complexos com mais liberdade e profundidade. Eles não carregam sobrenomes nem crachás, mas carregam histórias e símbolos que nos representam.
👉🏻 Cada animal tem uma voz.
👉🏻 A onça representa a mulher negra invisibilizada.
👉🏻 O tamanduá traz a luta das mães atípicas.
👉🏻 A coruja, com baixa visão, revela o quanto se vê mesmo com pouca luz.
👉🏻 E o jabuti mostra que o tempo da experiência nem sempre é valorizado.
Usar os animais é uma forma de driblar o cansaço do discurso corporativo e chegar direto ao coração de quem vive essas realidades todos os dias.
Qual é o verdadeiro propósito da Selva S.A.?
O meu propósito com a Selva S.A. é provocar consciência e humanidade.
👉🏻 Quero que as pessoas sintam antes de julgar.
👉🏻 Que pensem antes de repetir discursos automáticos.
👉🏻 E que, a partir da metáfora, possam enxergar a realidade com mais empatia.
A Selva S.A. nasceu para mostrar que inclusão não se faz só com cartilha, que diversidade não é moda, e que liderar pessoas exige mais do que metas exige humanidade.
✍️ O que torna a Selva S.A. diferente de outros projetos sobre diversidade ou trabalho?
Enquanto muitos abordam esses temas de forma técnica ou institucional, eu escolhi uma abordagem literária, afetiva e provocativa. Uso a crônica e a fábula porque elas convidam, tocam e desarmam.
👉🏻 A crítica que eu trago não vem com raiva, vem com poesia.
👉🏻 A denúncia não vem com dedo em riste, vem com metáfora.
👉🏻 E a transformação não vem com imposição, mas com identificação.
A Selva S.A. não é um projeto sobre diversidade. É um projeto sobre humanidade contada com arte.
🔍 Quais temas você sente que precisam ser mais ouvidos — e por isso escolheu abordá-los?
Eu abordo os temas que costumam ser ignorados ou tratados de forma superficial:
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O etarismo e o apagão da experiência após os 50 anos
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A invisibilidade das pessoas com deficiência no mercado
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O desafio das mães de filhos com deficiência e o preconceito estrutural
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A diversidade racial, regional, corporal e de gênero sem maquiagem institucional
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O cansaço emocional que vem sendo normalizado como "resiliência"
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A crise da liderança que ainda confunde comando com imposição
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A nova geração que quer trabalhar com propósito e não apenas sobreviver
Esses temas não são tendências. São dores diárias. E eu acredito que só se cura o que se revela.
📚 Por que você escolheu usar fábulas e crônicas como forma de contar essas histórias?
Porque a fábula toca onde o discurso técnico não chega. Porque a crônica transforma o cotidiano em espelho. As pessoas se identificam com os animais. Elas se veem nos personagens, nas falas, nos conflitos. E de repente percebem que aquela história lúdica é, na verdade, sobre elas.
Eu quero que elas sintam isso: “sou eu aqui, e ninguém nunca falou comigo desse jeito.”
🎯 Para quem é a Selva S.A.?
Para quem já foi silenciado.
Para quem lidera com propósito.
Para quem trabalha com pessoas e não com números.
Para quem acredita que o ambiente de trabalho pode ser mais saudável, mais justo, mais vivo.
A Selva S.A. é pra quem acredita que palavra transforma. E que ouvir uma boa história pode ser o começo de uma grande mudança.
E pra quem está chegando agora e ainda não conhece o projeto?
A Selva S.A. é uma floresta simbólica feita de histórias reais. Aqui, cada personagem representa alguém que você talvez já ignorou, já liderou, ou até já foi. Não espere soluções prontas. Espere espelhos, reflexões e coragem. Aqui, todo animal fala. E quando todo mundo fala a floresta começa, enfim, a ouvir.
Antoniel Bastos - Presidente da Rede Incluir, jornalista (MTB 00375/RJ), escritor e Coach em Desenvolvimento Humano (Universidade Anhanguera - SP). Minha expertise se estende ao Marketing Digital (Pós-Graduação Unisignorelli - RJ) , líder de iniciativas de Diversidade e Inclusão como Diretor de RH da ACIJA - Associação Industrial e Comercial de Jacarepaguá e Gestor de Relacionamento Estratégico do Grupo Tokke - Gestão de Qualidade de Vida.
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