O Julgamento do Cotidiano: Rousseau, Piaget e Montessori no Reino de Atlantis
Sob o grande flamboyant do pátio central, três visitantes ilustres se reuniram para observar a vida no Reino de Atlantis.
Jean-Jacques Rousseau balançava a cabeça, abismado:
— "O homem nasce bom; a sociedade o corrompe." murmurou.
— Aqui, vejo que a liberdade foi confundida com desordem. Crianças sozinhas na piscina, bicicletas cruzando o subsolo como trovões... Será isso liberdade ou ausência de responsabilidade?
Jean Piaget, coçando o queixo pensativo, complementou:
— "O principal objetivo da educação é criar pessoas capazes de fazer coisas novas, e não simplesmente repetir o que as outras gerações fizeram."
— Porém, vejo que repetimos... e repetimos mal. A educação não é apenas ensinar o que é permitido, mas por que respeitar o que é permitido.
Maria Montessori, olhando as crianças penduradas nos brinquedos sem supervisão, falou com doçura, mas firmeza:
— "A liberdade sem organização leva ao caos."
— Quando deixamos as crianças agirem sem limites, não lhes oferecemos liberdade; oferecemos abandono disfarçado de confiança. Crianças pequenas nos elevadores sem adultos? Não é autonomia é negligência em fantasia.
Rousseau ergueu o olhar para os adolescentes jogando bola na calçada de mármore:
— "Será que nunca ninguém foi jovem?", perguntarão.
Sim, todos fomos. Mas juventude sem direção é nau sem leme.
“A educação do homem começa no nascimento; antes mesmo de falar, já é instruído.”
Piaget sorriu levemente e apontou para a lixeira com sacos extravasando:
— E aqui, vejo outro problema: lixo fora da lixeira.
— "Inteligência é aquilo que usamos quando não sabemos o que fazer."
— Quando vejo lixo largado, percebo: não falta conhecimento, falta formação moral, falta ética em ação.
Montessori, caminhando lentamente perto do jardim pisoteado, concluiu:
— "Educação é a arma da paz."
— Não adianta investir em escolas de nomes brilhantes se em casa ensinamos que a rua é de ninguém, o espaço comum é do porteiro, e o erro é sempre do outro.
Rousseau refletiu:
— No fundo, cada "descuido" é uma escolha:
Piso na grama porque ninguém está olhando. Corro com o carro porque ninguém vai me multar. Deixo meu animal incomodar porque o problema é sempre do ouvido do vizinho.
Piaget acrescentou:
— No jogo da convivência, a culpa é como a bola: cada um tenta chutar para longe de si.
Montessori, por fim, disse olhando para o horizonte:
— Não é a sociedade que está doente. É a responsabilidade que está anêmica. É o exemplo que anda em falta.
E os três sorriram, cúmplices, pois sabiam que educar de verdade — é plantar sementes onde ninguém quer sujar as mãos.
Moral do Diálogo:
Se queremos um mundo melhor, o condomínio é nosso primeiro campo de treino. A responsabilidade não é um fardo: é o que transforma liberdade em convivência e respeito em realidade.
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